quinta-feira, 31 de maio de 2007

DC: Polícia revela como investigou suspeitos

Diário Catarinense - 31/05/2007

Ambiente
POLÍCIA REVELA COMO INVESTIGOU SUSPEITOS

Com base nos 28 relatórios sigilosos encaminhados à Justiça Federal (JF) pela delegada Julia Vergara da Silva, o Diário Catarinense e a RBS TV revelam os principais detalhes do trabalho que deu origem à Operação Moeda Verde, da Polícia Federal (PF). A missão durou nove meses e resultou na decretação da prisão, no dia 3 de maio, de 22 suspeitos de fazer parte de um suposto esquema de corrupção para favorecer empreendimentos imobiliários na Capital.

Os documentos, obtidos com exclusividade, formam um calhamaço de quase mil páginas, entre textos e transcrições de gravações telefônicas captadas do dia 21 de julho a 19 de dezembro de 2006, todas autorizadas pela Justiça Federal.

Na introdução dos relatórios, ao resumir toda a investigação, Julia Vergara registra que "o requerimento do Ministério Público Federal (que deu origem às investigações) teve por base os indícios de crime constatados na implantação do Il Campanario, em Jurerê Internacional, pelo Grupo Habitasul".

Iniciado o monitoramento telefônico a fim de descobrir irregularidades no projeto, os agentes foram surpreendidos com ramificações proporcionadas por alvos da polícia e seus interlocutores ao telefone.

Com isso, o que era para ser investigação sobre uma obra, transformou-se em ampla varredura em empreendimentos já concluídos ou em andamento na Ilha de SC. Ao fim de nove meses gravando conversas, filmando e fotografando suspeitos, 22 pessoas, entre políticos, empresários e funcionários públicos tiveram prisão decretada pela Justiça.

Na documentação enviada ao juiz Zenildo Bodnar, a delegada afirma que "a análise do material de áudio coletado evidenciou a existência de uma verdadeira quadrilha dedicada à prática de crimes ambientais e contra a administração pública".

As ramificações do suposto esquema, segundo Julia Vergara, atingem em especial os órgãos de fiscalização ambiental do Estado (Fatma) e da Capital (Floram); a Câmara de Vereadores e a Secretaria de Urbanismo e Serviços Públicos (Susp). Segundo a policial, a "outra ponta do esquema com respaldo do poder público é ocupada por empresários ou por pessoas físicas interessadas em promover construções ou em cortar vegetação com vistas à posterior obra de edificação".

Todos os envolvidos negam participação em irregularidades. As 22 pessoas detidas no dia 3 de maio estão em liberdade, aguardando eventual processo, se for o caso. Em tese, todos podem ser ou não ser denunciados à Justiça. Até ontem, dos 30 malotes apreendidos pela Polícia Federal, 16 haviam sido analisados.

ENTENDA O CASO
O que vai acontecer
Em maio do ano passado, com base em indício de supostas irregularidades na construção do condomínio Il Campanario, em Jurerê Internacional, no Norte da Ilha de Santa Catarina, o Ministério Público Federal requisitou a abertura de inquérito à Polícia Federal (PF).
Depois de uma investigação preliminar, a PF pede a quebra do sigilo telefônico de alguns suspeitos, que começaram a ser monitorados no dia 26 de junho de 2006.
As gravações duraram até o dia 19 de dezembro daquele ano. De lá até o final de abril de 2007, os agentes federais realizaram inúmeras diligências para complementar a investigação.
No dia 29 de abril, a delegada Julia Vergara da Silva encaminhou os 28 relatórios e os respectivos áudios ao juiz Zenildo Bodnar, da Vara Ambiental Federal, requisitando a prisão temporária de 22 suspeitos e a busca e apreensão em dezenas de endereços.
Os pedidos foram deferidos e executados pela PF na manhã do dia 3 de maio. Dezessete pessoas foram detidas, em Florianópolis; duas em Porto Alegre; e três não foram localizadas - elas se apresentaram nos dias seguintes.
Todos já foram liberados pela Justiça Federal e agora aguardam o eventual processo em liberdade.
O inquérito policial deve ser concluído no fim de junho. Depois, o documento segue para o Ministério Público Federal, que pode denunciar, ou não, os suspeitos que porventura forem indiciados pela Polícia Federal.
Os denunciados serão, então, julgados pela Justiça Federal. Qualquer que seja o resultado do julgamento, cabe recurso ao Tribunal Regional Federal (TRF) e depois, ainda, aos tribunais superiores (Superior Tribunal de Justiça ou Supremo Tribunal Federal).
Ou seja: o julgamento final da Operação Moeda Verde ainda vai demorar alguns anos.

E dá-lhe A Notícia!

E os caras da redação do AN estão hoje com a macaca!
Olhae o AN Capital dessa quinta-feira:


MPF ACIONA IRMÃO DO PREFEITO
Dilmo Berger é acusado de dano ambiental em construção

O Ministério Público Federal ingressou com uma ação civil pública contra o empresário Dilmo Berger, irmão do prefeito Dário Berger (PSDB), por dano ambiental. O problema foi constatado em uma construção de uma casa no bairro Co-queiros, de frente ao mar, entre as praias da Saudade e do Meio. Na preparação do terreno, chegaram a ocorrer detonações de rochas com explosivos. Isso teria alterado as características do local e causado dano à vegetação [brincou!], segundo laudo do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

A procuradora responsável pelo caso, Analúcia Hartmann, entende que a licença emitida pela Fundação Municipal do Meio Ambiente (Floram), também ré na ação, não previa o desmonte de rochas e a construção do imóvel. Outro questionamento dela recai sobre a Gerência do Patrimônio da União em Santa Catarina (GRPU/SC). Segundo a procuradora, a gerência não poderia ter realizado a inscrição de ocupação do terreno por ser uma Área de Preservação Permanente (APP).

ÁREA DEGRADADA

A ação civil pede liminar para a retirada de cercas que prejudicam o acesso à orla marítima e também dos equipamentos de construção que estejam no terreno. Além disso, exige a elaboração de um Plano de Recuperação de Área Degradada (Prad). Na semana passada, o juiz federal substituto Eduardo Didonet Teixeira determinou que os acusados sejam citados. Atualmente, a obra está embargada pela Justiça Federal, a pedido do Ibama.

Além de Dilmo, o MPF ajuizou contra a mulher, Cristine Berger, e mais o município de Florianópolis e a Advocacia Geral da União. A ação foi motivada em 2005 por rivais políticos da família Berger. Os petistas Ideli Salvatti (senadora) e Mauro Passos (ex-deputado estadual) denunciaram a existência de crime ambiental para ser erguida uma residência de 1,5 mil metros quadrados. A assessoria de Dilmo informou que o empresário não vai se manifestar sobre o assunto.

FIM!
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FIGURINHA

Aproveitando a notícia, vou publicar uma contribuição que recebi no e-mail do Moeda Verde...



Lembrando que esse blog é apartidário (mas não apolítico!), e a imagem está sendo publicada unicamente pela tremenda criatividade, independente da facção, partido ou movimento que ela provenha. Se a figura tivesse vindo do PFL (ops, dos "Democratas" hehe) eu publicaria igual..... hamm...... ok, ok, eu concordo que seria improvável eles terem capacidade de bolar um panfleto desses, mas usem a imaginação, caceta! Tô só supondo!

Brincadeiras à parte, tá dado o recado. De qualquer forma, como quem gosta de reclamar NUNCA SABE LER DIREITO, já tô preparado pra ouvir nego torrando meu saco. I'm shiting and walking.

1. RESUMÃO MOEDA VERDE! (AN 31/05)

Hoje o dia começou bem! São 07:00AM e para minha felicidade acabo de ver, na seção "Destaque" do Jornal A Notícia, resumão bacana sobre a Operação Moeda Verde. Este e os 3 posts abaixo são sobre a matéria publicada no jornal. A matéria já veio praticamente dividida em 4 divertidas partes:
1. Panorama geral das conclusões;
2. Conclusões preliminares de cada caso;
3. Trechos de conversas telefônicas;
4. As defesas de cada acusado.

Dá pra se entreter durante um bom tempo. Vou lá fazer mais café pra continuar o clipping hehehe. Boa leitura pra vocês e um ótimo dia!


Destaque - A Notícia - 31/05/2007

OPERAÇÃO MOEDA VERDE - O QUE DIZEM OS RELATÓRIOS DA PF
Primeiras conclusões apontam para crimes ambientais e contra a administração pública

Florianópolis

"Uma verdadeira quadrilha dedicada à prática de crimes ambientais e crimes contra a administração pública.” Essa é uma das conclusões da delegada Julia Vergara, da Polícia Federal (PF), após analisar o material com gravações envolvendo os suspeitos na Operação Moeda Verde.

Os detalhes que deram origem à operação e levaram ao pedido de prisão de 22 suspeitos, além dos bastidores da investigação, estão expostos em 28 relatórios de quase mil páginas, aos quais os repórteres João Cavallazzi e Felipe Pereira tiveram acesso. Os documentos foram encaminhados à Justiça Federal.

Na introdução dos relatórios, quando faz um resumo de toda a apuração, a delegada registra que “o requerimento do Ministério Público Federal (que deu origem às investigações) teve por base os indícios de crime constatados na implantação do empreendimento Il Campanario, em Jurerê Internacional, pelo Grupo Habitasul”. O que era para ser investigação pontual, sobre apenas uma obra, transformou-se em uma ampla varredura em empreendimentos já concluídos ou em andamento na Ilha de Santa Catarina.

As ramificações do suposto esquema, segundo Julia, atingem, principalmente, a Fundação Estadual do Meio Ambiente (Fatma), a Fundação Municipal do Meio Ambiente (Floram), a Câmara de Vereadores e a Secretaria de Urbanismo e Serviços Públicos (Susp). De acordo com a policial, a “outra ponta do esquema é ocupada por empresários ou por pessoas físicas interessadas em promover construções”. Todos os envolvidos negam participação em irregularidades. Até ontem, dos 30 malotes apreendidos pela PF, 16 haviam sido analisados pela perícia. O inquérito deve ser concluído no fim de junho. Depois, o documento segue para o Ministério Público Federal (MPF), que pode denunciar ou não os suspeitos. Qualquer que seja o resultado do julgamento da Justiça Federal, cabe recurso ao Tribunal Regional Federal (TRF).

Nos relatórios, o vereador Juarez Silveira é apontado pela polícia como “chefe” do suposto esquema. Ele aparece em quase todas as investigações, aparentemente sempre intermediando algum tipo de “favor” ou “ajuda”. Nos relatórios do caso Shopping Iguatemi, do Hospital Vita e do Supermercado Bistek, estão as conversas que, para a PF, são mais comprometedoras. Nessas e em outras interceptações, o vereador aparece solicitando carros emprestados, negociando veículos e publicação de lei, falando em dinheiro.

Nas gravações em vídeo, os alvos são André Luiz Dadam, funcionário afastado da Fatma, e o vereador Juarez. Dadam é flagrado saindo com R$ 8 mil em dinheiro da sede do Grupo Habitasul, em Jurerê Internacional, antes das eleições de 2006.

(SEGUE NOS PRÓXIMOS 3 POSTS ABAIXO)

2. As conclusões da PF (AN 31/05)

Caso Habitasul
"Nas gravações organizadas neste caso, encontra-se a intenção do Grupo Habitasul em agir contrariamente às normas ambientais, sempre com vistas à obtenção de lucro no loteamento Jurerê Internacional. Fernando Tadeu, um dos diretores do Grupo Habitasul em Porto Alegre, disse a Hélio Chevarria (representante do grupo em Florianópolis) que a loja maçônica a ser construída em Jurerê Internacional deveria ser colocada em APP, ou seja: Área de Preservação Permanente, porque assim não perderiam terreno. Em uma das conversas, Chevarria diz que está 'há anos mudando o Plano Diretor' para a escola (Colégio Energia)."

Relatório Habitasul e Juarez Silveira
"Esse trecho trata da relação entre a Habitasul, Juarez Silveira, Renato Juceli, ex-secretário da Susp, e Rubens Bazzo, funcionário da Susp. De acordo com os áudios, a Habitasul, por meio de Hélio Chevarria, liberou para Juarez Silveira a quantia de R$ 20 mil para supostas obras de reforma da Susp. O valor foi recebido na Habitasul pelo chefe de gabinete de Juarez, Itanoir Cláudio. Em outra parte, a delegada destaca que 'em outro áudio, Juarez diz a Péricles Druck (dono da Habitasul) que ninguém mudará o Plano Diretor se não for ele, e que Péricles tem que lhe 'dar a linha’ do que quer e que aí Juarez vai ‘até o inferno’ com aquela postura."

Caso Il Campanario
"Com relação ao empreendimento IL Campanario, foi realizada perícia pela PF concluindo que há área de restinga, de água subterrânea e presença de dunas no local do empreendimento e, ainda, que o curso d’água existente foi aterrado para a implementação do empreendimento. As licenças expedidas pela Fatma para o empreendimento em questão foram assinadas por André Luiz Dadam."

Caso Energia
"Em conversa com servidor do Ipuf, Rubens Bazzo diz que está com o processo da Escola Energia em Jurerê Internacional, mas que só pode deferir se a substituição da 4ª Etapa de Jurerê Internacional estiver aprovada, dizendo que 'eles fizeram a substituição da quarta etapa baseada naquela lei nova, que modificou tudo ali' (possivelmente uma lei criada sob encomenda da Habitasul) e, a seguir, Bazzo diz: ‘Eu vou aprovar essa escola aqui e depois que se f... Porque nós já deferimos a substituição aqui’ (...) Em conversa com Fábio Filippon, enteado de Percy Haensch e diretor do Grupo Energia, Hélio sugere que sejam colocadas placas no local de obras do Energia: ‘Licença de corte número tal, entendeu? Pra ir dando... né? Pra ir dando a legalidade’."

Caso Shopping Iguatemi
"Os áudios interceptados revelaram a rede de relacionamentos (e de favores) de que se valeu Paulo Cezar Maciel da Silva, empreendedor do Shopping Iguatemi. Paulo Cezar contou com a colaboração da Prefeitura, mas, principalmente, a de Juarez Silveira. Ele teria sido, no caso do Shopping Iguatemi, ‘uma espécie’ de Marcílio Ávila no caso do Shopping Florianópolis, entretanto, com uma vantagem: a de contar com um cunhado seu como secretário municipal. Para tanto, abriu portas nos órgãos pelos quais tramitaram processos para a obtenção das licenças necessárias. Em contrapartida, Juarez, seus parentes e seu chefe de gabinete teriam recebido facilidades nas concessionárias de veículos de Paulo Cezar."

Caso Bistek
"A tramitação dos processos para a aprovação da instalação do supermercado Bistek, em Florianópolis, no bairro Costeira do Pirajubaé, contou com os ‘serviços’ de Juarez, que determinou a Renato Juceli de Souza: ‘Então, tu trata ele bem aí, esse caso, tu trata bem!’. Os áudios indicam ter havido votação de projeto de lei de interesse do Grupo Bistek – possivelmente versando sobre alteração no Plano Diretor."

Caso Hospital Vita
"As gravações revelam movimentação na Câmara de Vereadores da Capital com vistas a possibilitar o empreendimento. Após ser concretizada alteração legislativa viabilizando o empreendimento, Juarez Silveira entra em contato com um dos empreendedores, Gilson Junckes, indagando se já pode passar no Dimas (revenda de carros). Juarez recebe o sinal verde para retirar veículo no setor de usados do Dimas num crédito de R$ 50 mil. Juarez escolhe um Ford Ecosport, o qual é, posteriormente, deixado para venda na Santa Fé (de Paulo Cezar)."

Dos possíveis crimes
As gravações analisadas indicam possíveis crimes contra a flora, contra a administração ambiental, formação de quadrilha, corrupção passiva, tráfico de influência e corrupção ativa.

* O conteúdo acima foi extraído dos relatórios encaminhados ao juiz Zenildo Bodnar pela delegada Julia Vergara da Silva, documentação que serviu de base para os pedidos de prisão temporária dos 22 suspeitos. A delegada Julia Vergara, da Polícia Federal, comanda as investigações.

3. Trechos de diálogos (AN 31/05)

HOSPITAL VITA


Juarez telefona para Gilson Junckes (Hospital Vita) e pergunta se pode passar na concessionária Dimas (Ford).

Juarez – Já posso passar lá na Dimas?
Gilson Junckes – A hora que sair a publicação, aí tu pega a autorização comigo e pega lá com ele.
Juarez – Não, mas aí vai demorar, porra!
Gilson – Não, ô Juarez, mas assim ó: tu sabes que já teve problema de percurso aí, as coisas mudaram e eu preferia assim, ó! Eu também tenho pressa dessa publicação porque eu também tô precisando pegar a viabilidade pra poder pegar o alvará, entendesse? E assim ó: não depende só de mim, tu sabe disso, e... eles tão me cobrando lá de São Paulo, direto: como é que tá, como é que tá, eu tô: essa semana sai, essa semana sai e não tá saindo!

Juarez – Não, mas já tá no Diário Oficial, né?
Gilson – Eu sei, mas tem que tá publicado pra poder...
Juarez – Mas o JB já não te deu uma declaração, ontem? (referindo-se ao vereador João Batista Nunes)
Gilson – Mas com essa declaração eu não consigo, não consigo fazer nada!
Juarez – Não, tudo bem. Não, entra com a consulta de viabilidade, tá?
Gilson – Então tá bom! Eu entro com a consulta de viabilidade hoje e tu...
Juarez – Entra e me dá a cópia. Esse assunto é comigo!

Obs: Segundo a PF, “a lei a que se referem é a Lei Complementar Municipal 250/2006, que alterou o zoneamento do bairro Santa Mônica, caracterizando o local de implantação do Hospital como ACI-III – Área Comunitária Institucional, na modalidade Áreas de Saúde, Assistência Social e Culto Religioso”.


SUPERMERCADO BISTEK

Trata da construção de uma filial da empresa Bistek Supermercado Ltda., de propriedade de João Carlos Ghislandi, Walter Ghislandi e Mário Cesar Ghislandi, na Costeira do Pirajabué.

Juarez – Alô?
João – Ah, bom-dia, rapaz! A respeito da nossa votação, ocorreu?
Juarez – Tudo 10!
João – Tudo 10?
Juarez – Tá? Deu tudo 10 e agora nós vamos botar no Diário Oficial. O prefeito já passa a caneta, e vai para o Diário Oficial! Mas, não tem mais coisa...
João – Mas isso é um processo rápido, né?
Juarez – Não, é rápido, é rápido! Agora não, agora dá pra tocar. Pode começar a tocar, agora vai ter o número do processo já!
João – Ahm, ahm!
Juarez – Amanhã. Hoje à tarde vai pra Prefeitura, o prefeito dá o número, com este número de lei eu já mando pra Susp, tá?
João – Certo!

4. As defesas (AN 31/05)


O QUE DIZEM OS CITADOS PELA POLÍCIA FEDERAL:


Habitasul
– A assessoria de imprensa de Jurerê Internacional, em Florianópolis, após consultar o departamento jurídico da empresa, informou que “os exemplos mencionados são trechos pinçados de conversas telefônicas que foram utilizadas totalmente fora do contexto em que ocorreram. O objetivo delas seria suportar a versão da polícia para fins de garantir medidas cautelares, tais como prisões provisórias. Mas não representam punição ou antecipação de juízo”. Sobre a loja maçônica, a iniciativa não prosperou.

Supermercado Bistek – O diretor Comercial do Supermercado Bistek, Walter Ghislandi, disse que a empresa é testemunha no caso e revelou que, hoje, um dos diretores vai à Polícia Federal prestar depoimento.

Gilson Junckes – Júlio Müller, advogado de defesa, afirmou que o carro foi emprestado para o vereador durante a campanha eleitoral. Ele disse que aguarda a conclusão das investigações para saber se haverá ação penal contra o cliente. Só então poderá se decidir sobre quais medidas adotar.

Rubens Bazzo – De acordo com Acácio Maciel Marçal, advogado de defesa, não há acusação formal e, por isso, ele não vai se manifestar. Ele disse, também, que não tem autorização do cliente para falar.

Marcelo Vieira Nascimento – A defesa do funcionário da Fundação do Meio Ambiente de Florianópolis (Floram) aguarda o relatório final da Polícia Federal. O advogado Iran Wosgraus disse que só então poderá avaliar que medidas tomar.

Juarez Silveira – O advogado Rodrigo Silva afirmou que o cliente não cometeu nenhum ato ilícito e disse que não vai comentar o as gravações porque o processo corre em segredo de Justiça.

Paulo Cezar Maciel de Souza – O advogado Alexandre Brito de Araújo, que defende o sócio-proprietário do Shopping Iguatemi, preferiu não se manifestar. Ele disse que não é possível analisar apenas trechos de conversas e só poderia emitir opinião depois de analisar o contexto.

Renato Joceli de Souza – O advogado Cláudio Gastão da Rosa Filho disse que é difícil se manifestar sobre gravações de processos em segredos de Justiça. Ele afirmou que uma tentativa de explicar o conteúdo das interceptações seria prejudicada porque as conversas ocorreram há quase um ano e o interlocutor não foi identificado. No entanto, o advogado garantiu que Renato Juceli nunca recebeu dinheiro além do salário de secretário de Urbanismo e Serviços Públicos (Susp). Rosa Filho afirmou, ainda, que os bens do cliente são compatíveis com os rendimentos.

Dimas – Um gerente, que não quis se identificar, não sabe de nenhuma negociação com Gilson Junckes.

Dário Berger – O secretário de comunicação da Prefeitura, Ariel Bottaro Filho, afirmou que Dário Berger usou um carro particular durante a campanha do ano passado. Dário teria usado um carro (Ômega) de Paulo Cezar.

Itanoir Cláudio – O advogado de defesa, Constâncio Krummel Maciel Neto, afirmou que o cliente é inocente. Ele não quis fazer outros comentários porque o processo está na fase de investigação.

Percy Haensch – Conforme o advogado de defesa, Orídio Domingos Mendes Júnior, o dono do Colégio Energia não aparece em nenhuma degravação pagando ou sendo cobrado por pessoas envolvidas com o suposto esquema de comercialização de licenças. O advogado disse desconhecer as gravações contra o cliente.

André Luiz Dadam – O advogado Marcelo Mello não quis se manifestar porque o processo corre em segredo de Justiça, mas afirmou que o cliente é inocente.

quarta-feira, 30 de maio de 2007

"Meu Deus do Céu!"



Só para lhes desejar uma ótima quarta-feira! =)

terça-feira, 29 de maio de 2007

Dia 05, terça-feira: manifestação no IGUATEMI

Prezados leitores,

Dia 05 de junho (terça-feira) é o Dia Mundial do Meio Ambiente. E como o homenageado do dia não anda muito bem das pernas aqui na Ilha, vários grupos ambientalistas da cidade estão se reunindo para fazer uma festinha pro aniversariante.

O local escolhido pro show não poderia ser outro senão um dos maiores símbolos da corrupção e filhadaputagem, nosso gigante e majestoso bloco de concreto assentado no meio do lodo, XOPÍM IGUATEMI.

A festinha começa às 17h, mas se você ainda estiver no trabalho neste horário pode aparecer mais tarde, porque a "balada" vai até altas horas. Trata-se de uma festa à fantasia, onde nós podemos ir vestidos de palhaços e o aniversariante já se encontra neste momento fantasiado de bola de golfe, confeccionada num tecido especial de fezes.

Traga presentes pro aniversariante, como mudas de árvores nativas para plantarmos na beira do riacho (isso, aquele canal de esgoto com jacarés). Obviamente não se esqueça das faixas, apitos, panelas, tacos de golfe, buzinas, bandeiras, máquinas fotográficas e filmadoras (viva o youtube).

O caranguejo, o siri, a coruja, o jacaré, o sagüi e a lontra agradecem. Menos a morsa.

Até lá!

ECO 92 - Severn Suzuki


Sugestão de vídeo para ficar rolando na carceragem da Polícia Federal.

Pode contar

Quer contribuir com notícias para o blog? Envie um email para moedaverde@gmail.com. Contribuições relevantes serão publicadas. Os e-mails não serão respondidos. Denúncias anônimas serão respeitadas, assim como o anonimato e o IP de quem as enviar.

Contribua com esta e-luta em prol da conservação do meio ambiente em Floripa!



Igual temi...

Doce Cacau

Da coluna do Cacau Menezes de hoje, no DC:

Virou blog

A Operação Moeda Verde, da Polícia Federal, desencadeou muitas coisas na Ilha de Santa Catarina. Virou, inclusive, blog - www.moedaverde.blogspot.com. Com o slogan "o blog da denúncia contra o estupro ambiental de Florianópolis", o Moeda Verde intitula-se um blog que tem por objetivo informar a população de Florianópolis sobre as questões ambientais da cidade, incentivando a participação popular na luta por um meio ambiente preservado na Ilha.

Empreendedor colombiano Carlos Amastha, que construiu o Floripa Shopping e teve que abrir o cofre, indignado com o que aconteceu com seu melhor amigo na Ilha, vereador Marcílio Ávila, também lançou um blog, abrindo a boca. E a turma atacada criou um blog só para responder-lhe. E com artilharia pesada.

Floripa, quem diria, sempre muito doce, sempre muito na paz, agora virou praça de guerra. Guerra online. Chama a mãe que o pai tá doido!


Valeu a divulgação, Cacau. Melhor uma guerra online do que quebraceira e bomba de gás lacrimogênio, né? Mais civilizado e eficaz. Chama a mãe que o pai tá doido de black label!

segunda-feira, 28 de maio de 2007

Corruptódromo


T
exto do blog "De Olho na Capital"... Data de 08 de maio, mas merece sua reprodução aqui. Aliás, dêem uma passada no blog deles, uma ótima leitura.


CORRUPTÓDROMO

A prefeitura de Florianópolis anda muito quieta.

Mais especificamente o prefeito. Não há nenhuma pessoa de bom senso na cidade que não saiba que a ação da Polícia Federal, em termos de corrigir os problemas municipais, é muito limitada. Age enquanto algum patrimônio federal esteja sendo ameaçado ou violado, mas existe uma área enorme onde a ação deveria ser dos poderes locais. Ontem um empresário me contava de que modo a corrupção estava espalhada, na prefeitura e nos vários níveis hierárquicos. Para que o leitor não pense que só grandes projetos, envolvendo muito dinheiro, sofrem com os criadores de dificuldade da prefeitura.

Disse ele que o fiscal da prefeitura dá o telefone e o endereço da empresa de onde devem ser comprados os containeres de lixo, antes de liberar o alvará sanitário. A loja, naturalmente, vende bem mais caro que todas as outras que vendem os mesmos produtos. Mas se o otário do contribuinte comprar ali, o alvará sanitário sai imediatamente, assim que o cara da loja liga para o fiscal e confirma a venda.

Outra: para cortar uma árvore, mesmo que não seja nativa, se o idiota do contribuinte pedir autorização na FLORAM, eles pedirão que, em compensação, para dar a autorização, o tolo compre um certo número de mudas de árvores nativas. Só que não podem ser mudas adquiridas em qualquer lugar. Tem que ser mudas de um metro e meio, vendidas em um único viveiro, por dez vezes o preço de uma muda menor, vendida em outro lugar.


VENDE-SE FACILIDADE

Portanto, enquanto o prefeito (ou o ministério público estadual) não acordar para a necessidade de acabar com um disseminado sentimento de impunidade que campeia em muitos órgãos públicos, a operação da Polícia Federal terá um efeito limitado.

As demoras nas liberações, exames que levam uma eternidade, o excessivo rigor com detalhes insignificantes, tudo isso são armas dos corruptos, para forçar o contribuinte a fazer a pergunta fatal: "e será que não tem como dar um jeito nisso?". Daí, depois de criadas todas as dificuldades, surge, todo-poderoso, o vendedor de facilidades. Que pode ser o próprio servidor público, ou um vereador, ou um amigo, ou um "desinteressado" que ia passando por ali.

Há quem diga que, em Florianópolis, em muitas situações, não tem como se manter vivo sem morrer com algum, sem "contornar" as dificuldades que, de outro modo, pela via legal, são intransponíveis ou podem levar anos para que sejam transpostas.

O próprio dono do Costão do Santinho, Fernando Marcondes de Matos, na entrevista coletiva que deu ontem, admitia, candidamente, que precisava ter um bom relacionamento com os órgãos municipais para que as coisas andassem mais rápido. E disse, com todas as letras, que ninguém pode agüentar o prejuízo de ficar com um projeto parado, esperando alguma autorização, por vários anos.

E o prefeito, ao que parece, não está preocupado em fazer uma limpeza na casa. Só quer deixar claro que não teve nada a ver com isso, que a culpa de tudo é da Ângela.


O "CLIPPING" DO JUJU

Um "clipping" é uma coleção de recortes, com notícias que saíram em jornais ou revistas, sobre determinado assunto ou personagem. Assessores de imprensa fazem "clipping" para acompanhar o que se publica sobre seus clientes e assim poderem aconselhá-lo sobre como proceder com a imprensa. Pois o arquiteto Alfred Biermann se dedica a fazer, desde março de 2006, um clipping com notícias sobre o vereador Juarez Silveira. A impressionante coleção de notas e recortes (nem todas favoráveis, é claro) está disponível na Internet, no endereço http://vereadorjuju.blogspot.com , é só clicar para ver.

As primeiras notas, (acessíveis no arquivo, coluna da direita, março de 2006), recuperam o começo da história do Juarez e das mexidas no Plano Diretor, de 1998 a 2006, sempre com o amigo Içuriti a tiracolo. O problema é que, como a memória do povo é fraca e a turma é distraída, sai uma notícia hoje, outra depois de amanhã e quando sai a terceira, dali a um mês, todo mundo já esqueceu. Nos blogs do Alfred a coisa ta reunida e dá pra ler na seqüência, juntando lé com lé e cré com cré. O resultado é impressionante: "os fatos falam por si mesmo".

O Alfred é um estudioso das maracutaias da construção civil de Florianópolis e já lançou livros falando desse problema crônico. Um deles sintomaticamente intitulado "A indústria da corrupção civil".


CORRUPCIONÁRIO

Pois além do endereço específico do Vereador Juju, o mesmo Alfred criou, em fevereiro de 2006, dois outros blogs, onde, didaticamente, oferece uma espécie de dicionário da corrupção municipal florianopolitana, contando a história desde o seu começo. E usa a mesma metodologia: só apresenta coisas publicadas. A novidade é que tem trechos de outro livro do Alfred, com relatos detalhados, com fotos, de violações das posturas municipais. Os endereços dos Corrupcionários são http://corrupcionario.blogspot.com e http://corrupcionario-2.blogspot.com. A visita é obrigatória para todos que queiram entender o que está acontecendo com a capital.

Onde hotéis de luxo, como o SOFITEL, têm construção autorizada sem que tenham vagas para estacionamento dos hóspedes que chegam, para isso, "privatizou-se" um pedaço da avenida Beira Mar Norte.

E tantos e tantos outros casos, relatados com a precisão de um arquiteto que conhece a legislação e as posturas. A conexão entre a informação técnica e as notas de colunas sociais e de noticiário político, contextualiza o problema de forma surpreendente.

Em 28 de agosto de 2006, no Corrupcionário 2, Alfred fez algumas daquelas perguntas que não querem calar:

a) Por que jamais foi deflagrada uma investigação acerca da corrupção evidente nas análises de projetos, expedição de alvarás de construção, fiscalização das obras e concessão de habite-se por parte da SUSP?

b) Por que jamais ocorreu uma investigação junto ao corpo técnico do IPUF, responsável pela elaboração das leis que definem a ocupação do solo no município de Florianópolis, visto que os técnicos do Instituto necessariamente tem conhecimento dos atos praticados pela SUSP?

c) Por que os membros do Ministério Público, das três instâncias, jamais instauraram uma investigação acerca da corrupção em relação à aplicação do Código de Obras e Plano Diretor, visto que ela tem sido freqüentemente abordada pela imprensa e mídia eletrônica?

d) Quem são as pessoas, empresas ou autoridades que protegem técnicos envolvidos em atos de corrupção repetidamente denunciados?

e) Como pode a população de Florianópolis esperar melhorias de qualquer natureza em relação ao uso do solo do município quando, ano após ano, os funcionários responsáveis pelos delitos urbanísticos permanecem irremovíveis em seus cargos?

domingo, 27 de maio de 2007

A omissão não pode continuar

Geral - A Notícia - domingo 27/05/2007

Operação moeda verde

"A omissão não pode continuar"

DIOGO VARGAS

O Ministério Público Federal confirmou a existência de mais envolvidos no esquema de comercialização de licenças ambientais em Florianópolis, desarticulado no início do mês pela Operação Moeda Verde, da Polícia Federal. Extra-oficialmente, especula-se que poderia chegar a pelo menos 40 o número de envolvidos. Os procuradores da República Walmor Alves Moreira (foto) e Cláudio Fontella, responsáveis por avaliar as investigações da PF, evitam falar em números e nomes. Eles estão à frente do órgão que vai decidir se denuncia os envolvidos à Justiça ou se arquiva o inquérito. Moreira defende uma varredura na Fundação Estadual do Meio Ambiente (Fatma), principalmente nas licenças concedidas durante a gestão do ex-diretor em Florianópolis, André Luiz Dadam, um dos suspeitos na Moeda Verde. Abaixo, os principais trechos da conversa do procurador com jornalistas da RBS.

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Walmor Alves Moreira | Procurador da República

A Notícia - O senhor comentou recentemente que chegaria a, no mínimo, 40 o número de pessoas suspeitas pela Moeda Verde.
Walmor Alves Moreira – Na verdade, há pessoas que estão na investigação e que não foram presas. Nem por isso elas deixarão de ser investigadas. Estamos falando de estruturas administrativas, na Susp (Secretaria de Urbanismo e Serviços Públicos de Florianópolis), na Floram (Fundação Municipal do Meio Ambiente) e na Fatma (Fundação Estadual do Meio Ambiente). E na Fatma foi muito pouco falado até agora. As principais licenças sob suspeição foram dadas pelo seu André Luiz Dadam. Eu não sei quanto tempo ele ficou no cargo (diretor em Florianópolis), mas uns três anos com certeza. Estamos recebendo pedidos no TRF da 4ª Região porque há julgamentos que estão sendo suspensos, aguardando informações da Moeda Verde. Nada mais razoável do que a Fatma fazer uma varredura suspendendo as licenças que ele expediu, montando uma comissão técnica para reavaliá-las. Eu não vejo a Fatma fazer e não sei por quê.

AN – Poderia citar algum caso específico de suspeita de licença da Fatma?
Walmor – Todos esses empreendimentos que foram noticiados. A suspeita é de documento público. Se a licença ambiental diz que determinada área não é área de preservação permanente – e há pareceres técnicos dizendo o contrário –, o que o órgão tem de fazer? Tem que anular porque a administração tem esse poder.

AN – Lugares comerciais sob suspeita correm o risco de ser embargados?
Walmor – É complicado particularizar. Conceitualmente, se uma licença tem um vício e esse vício pode gerar nulidade absoluta da licença, o órgão que expediu a licença tem de rever o ato. Se puder expedir outra licença faz bem. Se não puder, se resolve com demolições, embargos, indenizações. O que não pode continuar havendo é a omissão da Fatma.

(O presidente da Fatma, Carlos Leomar Kreuz, foi procurado no final da tarde de sexta-feira para comentar as declarações, mas não foi encontrado. No gabinete, a informação é que ele estava em viagem a Porto União.)

AN – Num dos despachos, o juiz Zenildo Bodnar cita possível tráfico de influência no setor hoteleiro, que seria alvo de investigação futura e que envolveria até o alto escalão do executivo municipal.
Walmor – O envolvimento de alto escalão do executivo, tanto municipal quanto estadual, a competência para apurar seria do Tribunal Regional Federal e do Superior Tribunal de Justiça.

AN – Há intenção do MPF em mandar essas informações para os foros privilegiados (TRF e STJ)?
Walmor – Se um inquérito indicar a possível prática de crime por uma autoridade que tem foro privilegiado é obrigação nossa mandar. Mas o inquérito não veio ainda (está na PF). A investigação está na fase de perícias e rescaldos do que foi apreendido.

AN – Já apareceu algo concreto para se denunciar algum dos envolvidos?
Walmor – Antes da Moeda Verde nós já tínhamos elementos suficientes para afirmar que alguns crimes ambientais foram cometidos. O esquema já existia, e não dessa administração. Ele só foi desvendado agora. O senhor Dadam já é processado criminalmente em Florianópolis e Itajaí por crime ambiental. Ou seja, conceder licença em desacordo com a lei para atender sentimento ou interesse pessoal. Já é um processado pela Justiça e enquanto processado ele era servidor da Fatma. É um grau de certeza da impunidade. E hoje eles estão vendo que aquela convicção deles caiu por terra.

AN – Qual a punição aos empresários que participaram do esquema investigado pela Moeda Verde?
Walmor – Quem está do outro lado do poder público, as condutas deles são de quem corrompe, de quem solicita ajuda. São crimes graves porque você está desvirtuando a conduta do servidor público, dando a ele uma vantagem que não deveria receber.

AN – Como está a situação do processo hoje?
Walmor – Têm entrado pedidos de restituição de bens apreendidos. É um material volumoso apreendido em empresas, residências, órgãos públicos. Algumas coisas a lei processual diz que podem ser devolvidas, desde que não interessem mais ao inquérito.

AN – Qual sua avaliação sobre as reclamações de que houve exageros?
Moreira – Nunca se prendeu pessoas tão importantes. Acho que essa análise de que houve pirotecnia é medo de políticos que têm relação promíscua com o poder econômico.



http://www.an.com.br/2007/mai/27/0ger.jsp

Poder e promiscuidade da virente moeda

Diário Catarinense - 26/05/2007 - Coluna de Fábio Brüggemann

Circula na Internet uma narrativa bem-humorada do estudante de engenharia ambiental da Universidade Federal de Santa Catarina, João Wendel, sobre uma palestra proferida pelo governador Luiz Henrique da Silveira na Fiesc, logo após a Operação Moeda Verde. Apenas a ida do chefe do governo ao encontro dos "concretadores" da Ilha de Nossa Senhora dos Aterros já é uma demonstração mais do que cabal (sem contar o jantar de desagravo onde o governador brindou com um dos presos suspeitos da operação, o senhor Fernando Marcondes de Matos) de qual lado ele se encontra. E para os que pensam um pouco mais, o fato em si mostra que não é ao lado da preservação da natureza que o chefe do governo está.

Até aí tudo bem. Em estados democráticos, os governos têm todo o direito de dizer o que pensam, mas também têm o mesmo direito de ouvir a sociedade toda que o elegeu. Chamado para "palestrar" aos "concretadores" da cidade, foi celerado. Porém, desde que assumiu o poder, chamado a conversar inúmeras vezes com os produtores de cultura, jamais compareceu, certamente porque sabe que ouvirá o que não quer. Isso denota a falta de visão de um governante, porque não foi eleito apenas para ouvir aqueles que financiam a sua campanha, mas também para escutar uma classe completamente desprezada em seu governo, que são os que, de alguma forma, questionam, pensam, refletem, fazem teatro, escrevem, pintam, criam imagens ou dançam, como o Cena Onze, por exemplo, que lotou o Sesc Pinheiros em São Paulo no final de semana passada durante as três noites que se apresentou. Essa gente que o governador se recusa a receber quer apenas propor uma política pública para a cultura que seja pautada nos interesses do estado e não nos de seu governo.

O estudante da UFSC relata ainda que durante a tal "palestra", denominada "Pensando a cidade", o material de trabalho, além das duas folhas em branco e uma caneta (o material mais útil, segundo Wendel) havia propaganda de empresas que vendem elevadores, pregos, parafusos, aço e cimento. Não seria melhor, questiona um amigo, diante disso, mudar o nome da palestra para "Concretando a cidade?"

Com duas horas de atraso, continua Wendel, "(isso que é respeito pelo povo!) chega a 'noiva', seguida de uma tripa de puxa-saco. Sem brincadeira, eram uns 20 seguindo ele auditório abaixo, parecia que estavam segurando a grinalda da criança". A mesa, continua o estudante, era formada por quase a lista completa dos presos pela Polícia Federal. Não que eles sejam "culpados" por alguma irregularidade, imaginem, até porque enquanto o processo não chega ao final, são apenas "suspeitos". Mas o que intriga é essa promiscuidade dos construtores com alguém que, eleito para defender os interesses de todos os cidadãos, se preocupa em afirmar que a operação virente moeda foi "pirotécnica". Deveria, reza o bom senso, manter-se no mínimo isento até a conclusão final do processo, para aí então se manifestar.

Por fim, o relato de Wendel diz: "20h50min - Aparecem palmas quando o cara [o presidente do Sindicato dos Construtores] se empolga metendo pau na Polícia Federal. Pela contagem das palmas, concluí que 2/3 da platéia era formada de puxa-sacos e empresários. O outro 1/3 da platéia que não bateu palmas era formado por estudantes, professores e outras pessoas com cérebro". Este um terço de "cerebrados" ainda é pouco para pensar a cidade, antes que ela se transforme de vez numa enorme selva de pedra cercada de aterros por todos os lados.

sábado, 26 de maio de 2007

A "Cagada" com o Shopping Florianópolis


É meio antigo, mas eu tinha que postar.

Oreste Mello, do Programa "Tô de Olho em Ti", que vai ao ar na TV São José. Para ele, o embargo do Shopping Florianópolis (passado) é o motivo de se haver tantos traficantes espalhados pela cidade, pois iria acabar com dois mil empregos. Além disso, para o cômico apresentador fundo de quintal e seu programa rampeiro, Ana Lúcia Hartmann (Procuradora da República) deveria ser considerada persona non grata, afinal nem de Florianópolis ela é... pra que meter o bedelho?

Diz que em Floripa não se pode fazer NADA por causa dos atravancos ambientais... defende o Costão Golf, diz que "herbicida não pode infiltrar no lençol freático, mas o cocô das favelas pode, né!?". Pelo jeito nosso governador é telespectador assíduo desse programa... A princípio pensei que esta fosse uma "cópia" da entrevista de LHS, mas após verificar a data de postagem (novembro de 2006), concluí que nem no quesito "falar merda" nosso Luizinho sabe ser original.

quinta-feira, 24 de maio de 2007

Marbella

E-mail recebido sobre o vídeo da entrevista na TVBV:

Assistindo ao video da entrevista, quero comentar sobre "MARBELLA", cidade andaluza da Espanha a que ele se refere várias vezes. É um povoado que cresceu enormemente com a abertura de investimentos, porém ele esquece de comentar que o Ex-Alcalde (Ex-Prefeito) Julian Muñoz (e mais gente da sua administração) está preso justamente por negociar autorizações fraudulentas para a edificação de empreendimentos irregulares, ou seja, o nosso Governador apóia um modelo que comprovadamente nao dá certo, porém como se fosse ideal.

Grande abraço,
Felipe Liberal

Involução



Se tiver estômago, clique sobre a figura para ampliar.

Direitos autorais

Já que vários perguntaram, esclareço que a frase "O mundo é uma grande festa, e o gelo está acabando" é de autoria do publicitário Nizan Guanaes, grande cara.

Aproveito o assunto pra esclarecer que todos os textos aqui publicados podem ser reproduzidos em qualquer lugar. Só peço que citem a fonte, pra essa bagaça ficar cada vez mais conhecida e as notícias aqui veiculadas chegarem até o último manezinho do ponto mais isolado de Naufragados.

quarta-feira, 16 de maio de 2007

Palestra com LHS: "Pensando a Cidade"



Foi organizado pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil da Grande Florianópolis (SINDUSCON) um evento entitulado "Pensando a Cidade", dia 15 de maio no auditório da FIESC. A grande atração do encontro seria a presença do "palestrante" Luiz Henrique da Silveira, nosso excelentíssimo governador.

O objetivo inicial do evento era reunir, em diversos encontros mensais ao longo do ano, poder público, profissionais e especialistas para discutir o que a cidade precisa para aliar desenvolvimento, geração de emprego e preservação ambiental.

Quem dera fosse isso, porque na prática foi nada mais do que uma reunião regabofe (óbvio que tinha coquetel) com a corja mais PODRE da cidade, reunindo desde um exército de puxa-saco do governador até os empresários mais corruptos, fraudulentos e bandidos da cidade. A mesa, pra se ter uma idéia, era composta por vários "detentos" da Operação Moeda Verde. O auditório fedia a xilindró. Não houve nenhum tipo de conversa ou discussão pública: a platéia não pôde fazer perguntas. As duas únicas pessoas que falaram (o presidente da SINDUSCON e o LHS) se limitaram a defender os empreendimentos embargados na ilha e achincalhar a Polícia Federal, o IBAMA e o CONAMA. E essa foi a discussão para "aliar desenvolvimento, geração de emprego e preservação ambiental"... Extremamente revoltante.

Leia abaixo o relatório completo de como foi o esquema.


PENSANDO A CIDADE - Com o "palestrante" Luiz Henrique da Silveira (FIESC - 15/05/2007)


Horário de início oficial do evento: 18:30

18:45 - Chego na FIESC. Entro no hall e para minha surpresa tá rolando um coquetel... Será que eu errei o horário e a palestra já acabou?? Nãooo, enquanto eu tomava um café me explicam que o Governador tá voltando de uma "missão em Brasília" (esse é o código pro red ou pro black label?) e vai atrasar um pouco, por isso liberaram a ração pra porcada não berrar.

19:00 - Contagem: tem uns 5 alunos da UFSC + 1 professora.

19:15 - Fui na recepção pegar meu "material". Só tinha propaganda, a única coisa útil eram 2 folhas em branco e uma caneta. Foi aí que reparei: o evento é patrocinado por Elevadores ThyssenKrupp, Gerdau e Grupo Votoran.... Cimento, aço e elevadores... OOH, O QUE SERÁ QUE ELES PRETENDEM FAZER COM FLORIPA??

19:16 - Um amigo meu tem a sensacional idéia de mudar o nome do evento para "Concretando a Cidade".

19:20 - Pessoal começa a entrar no auditório. Música de motel rolando.

20:15 - Com quase 2h de atraso (isso que é respeito pelo povo!) chega a noiva, seguida de uma tripa de puxa-saco. Sem brincadeira, eram uns 20 seguindo ele auditório abaixo, parecia que tavam segurando a grinalda da criança.

20:30 - A mulher do Bom Dia SC é a mestre de cerimônias. Discursinho de boas vindas, hino nacional, blablabla, e chega a hora de chamar os componentes da mesa (umas 15 pessoas). Sem brincadeira, aquilo era a listagem da Polícia Federal: Marcondes (Costão), Péricles de Freitas (Presidente Habitasul; 3 envolvidos), entre mais uma corja realmente DO MAL.

20:45 - O presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil da Grande Florianópolis faz uma abertura da palestra, onde mete pau na operação Moeda Verde e trata a corja da mesa como heróis injustiçados. Passam então um vídeo produzido pelo Sindicato, que parece muito ter sido produzido com base na entrevista do LHS na TVBV. Um total absurdo, uma falta de bom senso.

20:50 - Aparecem palmas quando o cara se empolga metendo pau na Polícia Federal. Pela contagem das palmas, concluí que 2/3 da platéia era formada de puxa-sacos e empresários. O outro 1/3 da platéia que não bateu palmas era formado por estudantes, professores e outras pessoas com cérebro.

21:00 - A apresentadora bonitinha informa que devido ao fato do tempo ser curto e o governador ter outros compromissos depois da palestra (22h - Martini ; 23h - Conhaque) a platéia não poderia FORMULAR PERGUNTAS(!). Ouve-se um murmúrio das pessoas com cérebro, e um com o cérebro um pouco maior berra: "Eu já sabia! Conta alguma novidade!!"

21:02 - Chega a hora da excelentíssima mórsa falar. Não vou detalhar muito porque ele praticamente repetiu o que disse na entrevista (com algumas besteiras inéditas).

21:05 - Pauladas na PF. Citações de Marx, de filósofos gregos e o escambau pra defender os indiciados. Discurso emocionado e indignado. Dois terços de palmas. Mete pau nas favelas e diz que onde não se constrói empreendimentos tudo acaba virando favela e esgoto a céu aberto. Palmas.

21:20 - Começa com um histórico besta sobre economia. Enrolação pra dar uma de cult. Logo se cansa do papinho e volta a atacar. Dessa vez é o CONAMA quem vai pro saco. "Meia dúzia de técnicos que pensam que mandam no mundo", berra cuspindo. Um terço da platéia indignada, boquiaberta. Dois terços clap clap clap.

21:40 - Papinho dos hotéis. Fala do hotel "internacional" que acabou indo pra Tailândia porque aqui não rolou. Dá exemplos pitorescos das mil e uma edificações que ele viu em suas viagens, atingindo o clímax dando o exemplo de um hotel em que o hóspede desce de elevador (ThyssenKrupp?), pega uma ESTEIRA ROLANTE por cima da AREIA e é "depositado" confortavelmente na sua marina. Dois terços aplaudindo, um terço se beliscando pra confirmar que não era um pesadelo.

21:50 - LHS dá a informação de que ele está negociando a vinda de uma grande montadora de automóveis pra cá (olha a idéia), mas o motivo de estarmos perdendo a concorrência pra um Estado vizinho é de que aqui não há nenhuma escola americana pros filhos dos frufrus crescerem falando inglês, e que acima disso a principal exigência dos gringos é que eles PRECISAM de um campo de golfe, senão não rola!!! PUTA MERDA!! Momento de maior tumulto na platéia, risadas histéricas e uns berros indignados. Pensei na sugestão deles jogarem críquete na joaquina. Ou ainda peteca, frescobol. Só faltou o LHS se abaixar, levantar a toalha da mesa, baixar as calças do Mr. Costão do Santinho e lamber suas bolas. Mas isso não aconteceu, pelo menos durante a palestra.

22:00 - Mais algumas besteiras intercaladas com palmas e beliscões e ele parte pro final. Discurso inflamado e emocionado, papinho sobre crescimento e desenvolvimento blablabla e o 'muito obrigado' final. Palmas enfurecidas.

22:01 - Uma mulher levanta a voz pra falar com LHS e começa a dizer que quando a convidaram pra participar da palestra o tema não uma cerimônia de louvor à essa putada que tenta destruir nossa ilha, e muito menos um ritual de achincalhamento à Polícia Federal, ao Ministério Público, aos Vereadores de Floripa e ao CONAMA. A horda de puxa-sacos começa a vaiar e não deixa a mulher continuar a falar. Os com cérebro começam a aplaudir a mulher. Confusão do demonho, pessoal começa a se levantar pra sair e tudo acaba com um semi-bafafá. Luiz Henrique deixa o local um pouco transtornado. FIM!


É isso pessoal, parece que mês que vem tem mais, esse evento é pra ser mensal. Gostaria que essa parcela de 1/3 aumentasse... é a cidade de vocês em jogo.

Abraços.

domingo, 13 de maio de 2007

Entrevista: Luiz Henrique na TVBV

Entrevista com Luiz Henrique da Silveira (Governador de SC) na TVBV, que foi ao ar no dia 03/04/2007.

Este trecho de vídeo é um recorte somente da parte em que se fala sobre o meio ambiente em Florianópolis e a "burrocracia" das leis ambientais. São quase 17 minutos da mais pura sem-vergonhice, onde o governador conseguiu mais uma vez afirmar sua incapacidade de ser uma pessoa coerente e com um mínimo de bom senso na área ambiental. Dispensa maiores comentários, assista ao vídeo e tire suas conclusões.

Clique aqui caso queira fazer o download do arquivo em alta resolução (260MB) e mostrar daqui a alguns anos para seus netos se divertirem.



* Observações sobre o vídeo:

1. O apresentador da esquerda é camarada, note como ele tenta ao longo do vídeo ser elegante e disfarçar sua indignação. Gente fina, mas não descobri o nome dele. Se alguém souber, comenta aí.

2. O apresentador da direita chama-se Vânio Bossle. Véio safado. Repare como ele fica meio puto com o repórter da esquerda, e ao mesmo tempo concorda com qualquer merda que LHS cospe. Não é pra menos: veja abaixo um trecho da coluna do Cacau Menezes, publicada dia 16 de março...

"Tá lá - Jornalista Vânio Bossle, da TVBV, está na Europa acompanhando o governador Luiz Henrique da Silveira. Segundo o filho Gustavo, é a primeira viagem internacional do pai, que deve voltar mais calmo. E mais tolerante com os políticos, para quem, quase que diariamente, no programa de tevê, costuma pedir cadeia e pena de morte."

Ham, agora tudo se encaixa!


3. "Quem sabe cuidar de Florianópolis é o florianopolitano, é a prefeitura, o vereador..."
Claro. A Operação Moeda Verde comprovou exatamente isso.

4. "Podia ter um hotel 6 estrelas... aquilo ali é um LOGAL privilegiado" (8'22'')
Dá-lhe uísque.

5. E pra finalizar, o apresentador sacana, no último segundo do vídeo (aumentem o som e ouçam com atenção): "É, aqui não pode porque 'mata o caranguejo' né! hihihi!".


Vou fazer uma edição e montar o Funk do LHS.
É rir pra não chorar. Floripa, eu amo esse logal.

sábado, 12 de maio de 2007

Boas vindas

O "Moeda Verde" é um blog que tem como objetivo informar a população de Florianópolis sobre as questões ambientais da cidade, incentivando a participação popular na luta por um meio ambiente preservado na Ilha.

O nome é inspirado na operação da Polícia Federal realizada no início de maio de 2007, em Floripa. A Operação consistiu na prisão temporária de 19 empresários e políticos da "alta sociedade" catarinense, envolvidos em esquemas de negociação de licenças ambientais.