segunda-feira, 28 de maio de 2007

Corruptódromo


T
exto do blog "De Olho na Capital"... Data de 08 de maio, mas merece sua reprodução aqui. Aliás, dêem uma passada no blog deles, uma ótima leitura.


CORRUPTÓDROMO

A prefeitura de Florianópolis anda muito quieta.

Mais especificamente o prefeito. Não há nenhuma pessoa de bom senso na cidade que não saiba que a ação da Polícia Federal, em termos de corrigir os problemas municipais, é muito limitada. Age enquanto algum patrimônio federal esteja sendo ameaçado ou violado, mas existe uma área enorme onde a ação deveria ser dos poderes locais. Ontem um empresário me contava de que modo a corrupção estava espalhada, na prefeitura e nos vários níveis hierárquicos. Para que o leitor não pense que só grandes projetos, envolvendo muito dinheiro, sofrem com os criadores de dificuldade da prefeitura.

Disse ele que o fiscal da prefeitura dá o telefone e o endereço da empresa de onde devem ser comprados os containeres de lixo, antes de liberar o alvará sanitário. A loja, naturalmente, vende bem mais caro que todas as outras que vendem os mesmos produtos. Mas se o otário do contribuinte comprar ali, o alvará sanitário sai imediatamente, assim que o cara da loja liga para o fiscal e confirma a venda.

Outra: para cortar uma árvore, mesmo que não seja nativa, se o idiota do contribuinte pedir autorização na FLORAM, eles pedirão que, em compensação, para dar a autorização, o tolo compre um certo número de mudas de árvores nativas. Só que não podem ser mudas adquiridas em qualquer lugar. Tem que ser mudas de um metro e meio, vendidas em um único viveiro, por dez vezes o preço de uma muda menor, vendida em outro lugar.


VENDE-SE FACILIDADE

Portanto, enquanto o prefeito (ou o ministério público estadual) não acordar para a necessidade de acabar com um disseminado sentimento de impunidade que campeia em muitos órgãos públicos, a operação da Polícia Federal terá um efeito limitado.

As demoras nas liberações, exames que levam uma eternidade, o excessivo rigor com detalhes insignificantes, tudo isso são armas dos corruptos, para forçar o contribuinte a fazer a pergunta fatal: "e será que não tem como dar um jeito nisso?". Daí, depois de criadas todas as dificuldades, surge, todo-poderoso, o vendedor de facilidades. Que pode ser o próprio servidor público, ou um vereador, ou um amigo, ou um "desinteressado" que ia passando por ali.

Há quem diga que, em Florianópolis, em muitas situações, não tem como se manter vivo sem morrer com algum, sem "contornar" as dificuldades que, de outro modo, pela via legal, são intransponíveis ou podem levar anos para que sejam transpostas.

O próprio dono do Costão do Santinho, Fernando Marcondes de Matos, na entrevista coletiva que deu ontem, admitia, candidamente, que precisava ter um bom relacionamento com os órgãos municipais para que as coisas andassem mais rápido. E disse, com todas as letras, que ninguém pode agüentar o prejuízo de ficar com um projeto parado, esperando alguma autorização, por vários anos.

E o prefeito, ao que parece, não está preocupado em fazer uma limpeza na casa. Só quer deixar claro que não teve nada a ver com isso, que a culpa de tudo é da Ângela.


O "CLIPPING" DO JUJU

Um "clipping" é uma coleção de recortes, com notícias que saíram em jornais ou revistas, sobre determinado assunto ou personagem. Assessores de imprensa fazem "clipping" para acompanhar o que se publica sobre seus clientes e assim poderem aconselhá-lo sobre como proceder com a imprensa. Pois o arquiteto Alfred Biermann se dedica a fazer, desde março de 2006, um clipping com notícias sobre o vereador Juarez Silveira. A impressionante coleção de notas e recortes (nem todas favoráveis, é claro) está disponível na Internet, no endereço http://vereadorjuju.blogspot.com , é só clicar para ver.

As primeiras notas, (acessíveis no arquivo, coluna da direita, março de 2006), recuperam o começo da história do Juarez e das mexidas no Plano Diretor, de 1998 a 2006, sempre com o amigo Içuriti a tiracolo. O problema é que, como a memória do povo é fraca e a turma é distraída, sai uma notícia hoje, outra depois de amanhã e quando sai a terceira, dali a um mês, todo mundo já esqueceu. Nos blogs do Alfred a coisa ta reunida e dá pra ler na seqüência, juntando lé com lé e cré com cré. O resultado é impressionante: "os fatos falam por si mesmo".

O Alfred é um estudioso das maracutaias da construção civil de Florianópolis e já lançou livros falando desse problema crônico. Um deles sintomaticamente intitulado "A indústria da corrupção civil".


CORRUPCIONÁRIO

Pois além do endereço específico do Vereador Juju, o mesmo Alfred criou, em fevereiro de 2006, dois outros blogs, onde, didaticamente, oferece uma espécie de dicionário da corrupção municipal florianopolitana, contando a história desde o seu começo. E usa a mesma metodologia: só apresenta coisas publicadas. A novidade é que tem trechos de outro livro do Alfred, com relatos detalhados, com fotos, de violações das posturas municipais. Os endereços dos Corrupcionários são http://corrupcionario.blogspot.com e http://corrupcionario-2.blogspot.com. A visita é obrigatória para todos que queiram entender o que está acontecendo com a capital.

Onde hotéis de luxo, como o SOFITEL, têm construção autorizada sem que tenham vagas para estacionamento dos hóspedes que chegam, para isso, "privatizou-se" um pedaço da avenida Beira Mar Norte.

E tantos e tantos outros casos, relatados com a precisão de um arquiteto que conhece a legislação e as posturas. A conexão entre a informação técnica e as notas de colunas sociais e de noticiário político, contextualiza o problema de forma surpreendente.

Em 28 de agosto de 2006, no Corrupcionário 2, Alfred fez algumas daquelas perguntas que não querem calar:

a) Por que jamais foi deflagrada uma investigação acerca da corrupção evidente nas análises de projetos, expedição de alvarás de construção, fiscalização das obras e concessão de habite-se por parte da SUSP?

b) Por que jamais ocorreu uma investigação junto ao corpo técnico do IPUF, responsável pela elaboração das leis que definem a ocupação do solo no município de Florianópolis, visto que os técnicos do Instituto necessariamente tem conhecimento dos atos praticados pela SUSP?

c) Por que os membros do Ministério Público, das três instâncias, jamais instauraram uma investigação acerca da corrupção em relação à aplicação do Código de Obras e Plano Diretor, visto que ela tem sido freqüentemente abordada pela imprensa e mídia eletrônica?

d) Quem são as pessoas, empresas ou autoridades que protegem técnicos envolvidos em atos de corrupção repetidamente denunciados?

e) Como pode a população de Florianópolis esperar melhorias de qualquer natureza em relação ao uso do solo do município quando, ano após ano, os funcionários responsáveis pelos delitos urbanísticos permanecem irremovíveis em seus cargos?

6 comentários:

Anônimo disse...

Bom dia,

Meu filho possui um terreno no Canto dos Araçás na Lagoa da Conceição.
Precisando vendê-lo para custear seus estudos, ingressou com requerimento de consulta de viabilidade perante a municipalidade, pois quem fosse comprar certamente perguntaria.
A resposta foi de que não poderá construir "nada" pois a rua não é oficial, não tem saneamento básico(água, luz, esgoto).
Imgressamos com mandado de segurança e foi negado.
A rua nunca terá o saneamento e a Lagoa não tem.Na mesma rua estão construindo e reformando, não sei nem como.
Conclusão: ele tem o terreno, paga imposto e está num beco sem saída, pois a exigência do município não pode ser cumprida por ele próprio(município) não usar os recursos para fazer o saneamento.Exige uma coisa impossível, bem como li no site, exige para fazer guerra psicológica e ensejar uma propina.
Isso é porque é para pobre e porque não pagamos propina. Se fosse um rico já teria certamente o alvará.

Anônimo disse...

Mas no mesmo Canto dos Araças tem uma construção que é uma verdadeira aberração aos olhos de quem passa. É antes de começar a trilha do canto dos araças à costa da lagoa. Quem passa acha que tem um poste de luz no meio da estrada, mas não é o poste, é a casa, que é totalmente irregular. esta obra, foi feita na gestão do Dário. Portanto, o salafrário certamente molhou a mão de alguém da Floram (coisas de PSDB, partido do Paga Se Dá Bem).

Antonio Rossa disse...

O País da vergonha, da maracutaia,
dos tapinhas nas costas, dos sorrisos amarelos.

De um lado uma população sem acessos, sem estudo, sem direitos, sem água encanada.

Do outro lado os espertalhões, muito bem munidos de desculpas velhas, de direitos comprados e de muita, mas muita corrupção.

Corrompem idéias, expurgam qualquer ato moral, querem TV de Plasma, Champagne e Jatinho Particular, nem que para isso eles precisem construir sobre o mangue, sobre dunas, sobre o mar.

Uma elite formatada aos padrões Norte-Americanos, escravos do petróleo, do consumismo e da idiotice institucional.

Classe? Quase nada. Batons extravagantes e casacos de pele mofados.

Descontos? Querem sempre descontos, querem de graça, pechincham por que no fundo são pobres, completamente pobres.

Deus! Salve a ignorância e nossos verdes vales também.

Anônimo disse...

Eu vi a tal casa irregular no Canto dos Araças. É monstruosa, um monumento ao mau gosto. O pior foi explicar para um americano que foi fazer a trilha comigo, porque aquela casa foi construída na rua, que aliás, é de uma pista só. Será que a Floram explica??
Julia

Anônimo disse...

Dona Ana Campos, a rua do Canto dos Aaraças não é oficial, não tem agua, esgoto, mas o IPTU é bem alto né? Aposto que eles cobram IPTU até da tal casa irregular que se referiram nas outras mensagens deste forum.
Dona Ana, o melhor de tudo é começar a anular nosso voto pra Prefeito e pra Vereador. Quem sabe um dia apareça alguem decente pra governar esta Ilha.

Anônimo disse...

Para tornar a rua oficial e obter a viabilidade deverá ser implantado seintema de água e esgoto, e rede elétrica oficial.
Sabe quando que isso vai acontecer? No dia de São Nunca, quem construiu antes do Decreto de 2003 construiu, quem não construiu deverá rezar para o santo das causas perdidas.
Respondendo ao João Cláudio, eles cobram sim o imposto, e bem caro, só que prá nada.
Todos têm água ali, do morro, têm luz e tudo, desde os primórdios, mas esta situação não é reconhecida.
Vces olhem para cima, lá no morro tem mansões, lá tem saneamento?